opinião

Compaz: um sopro de esperança



Imagine uma comunidade periférica, densamente povoada, de uma cidade brasileira, formada por cerca de 116 mil pessoas, forjada, historicamente, de modo desordenado, sem a presença do Estado. Pode-se, facilmente, vislumbrar o impacto dessa dinâmica socioeconômica e ambiental na (re)produção de violências e crimes, assim como na falta de provisão de serviços públicos básicos. Sem surpresa, verifica-se, ao longo do tempo, vulnerabilidades várias, tais como: desagregação familiar, redes de sociabilidade violenta baseadas nas mercadorias do crime, a exemplo das drogas, baixo nível de emprego, trabalho e renda, acompanhado de altos índices de abandono e evasão escolar, com rebatimento, (in)direto, no pouco ou nenhum cuidado das famílias, em geral, e das crianças e adolescentes, em particular, por parte do poder público.

Essa descrição, lamentavelmente, enquadra-se em quaisquer comunidades das tantas que constituem a paisagem cada vez mais urbana do país. No caso, refiro-me ao Alto de Santa Terezinha, em Recife, Capital do Estado de Pernambuco. Mas, afinal, o que há de novo nessa localidade? A grande novidade é que essa comunidade participou com a Prefeitura Municipal da construção, há cerca de dois anos, de um Centro Comunitário da Paz - Compaz, em homenagem ao falecido Governador daquele Estado, Eduardo Campos.

Inspirado nas melhores práticas de segurança cidadã da Colômbia, notadamente de Medellín, como os equipamentos públicos de referência mundial instalados na Comuna 13, bairro icônico dessa cidade latino-americana, o primeiro COMPAZ inaugurado em Recife, dos cinco previstos pela Administração do Prefeito Geraldo Júlio (PSB), constitui um espaço singular de cidadania e de promoção da uma cultura de paz. Oferece diversos atendimentos e atividades esportivas, culturais e educativas, como parte de uma estratégia mais ampla de proporcionar "o melhor para os mais pobres", com o objetivo de garantir inclusão social, fortalecer os vínculos comunitários e, a médio e longo prazos, reverter a curva ascendente de crimes violentos e descoesão social que caracterizavam essa comunidade.

Aberto de terça a domingo, o Compaz Governador Eduardo Campo realiza mais de 6 mil atendimentos todo o mês, em uma ampla estrutura, cuidadosamente edificada e gerida pela prefeitura municipal, sob a liderança de Murilo Cavalcanti e Eduardo Machado, Secretário e Secretário Executivo, respectivamente, da Secretaria de Segurança Urbana de Recife, de forma articulada e integrada com as demais políticas municipais e estaduais setoriais, incluindo o engajamento das polícias e da Guarda Municipal, da sociedade civil organizada e da iniciativa privada.

Formado por biblioteca interativa, vinculada à Rede de Bibliotecas pela Paz; dojô para a prática de artes marciais (Jiu jitsu, Judô, Capoeira, Luta Olímpica, Taekwondo, Submission e Aikido); Centro de Referência de Assistência Social (Cras); Núcleo de Mediação de Conflitos; Sala do Empreendedor; Unidade do Procon; atendimento especializado às mulheres vítimas de violência; oficinas cidadãs; aulas de Inglês e Espanhol; reforço escolar (Português e Matemática) e práticas integrativas (Tai chi chuan, Ioga, Biodança e Meditação); entre outras, estão entre as ações desenvolvidas por essa política pública que funda uma nova relação de reconhecimento e interface entre o Estado e a cidadania local.

Indubitavelmente, a experiência do(s) Compaz de Recife fomenta um sopro de esperança em um contexto nacional de mais do mesmo na área da segurança pública, ao demonstrar, na prática, a importância da prevenção social das violências para a segurança dos direitos da cidadania, sobretudo daquela que mais precisa! Prefeitos(as), inspirem-se! Conheçam o Compaz de Recife! Eis um caminho!


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